domingo, 7 de abril de 2013

GUARATIBA E A MILÍCIA... NINGUÉM FAZ NADA.

07/04/2013 - 01h45

Maior milícia do Rio domina bairro da missa do papa


MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

Às sextas-feiras à noite, duas motos sem placa percorrem as ruas de Guaratiba, zona oeste do Rio, exigindo dinheiro de comerciantes.

Em pelo menos cinco diferentes pontos do bairro, que tem cerca de 110 mil habitantes, bailes funks regados a bebidas e drogas são realizados nos fins de semana.

Caça-níqueis ficam em depósitos ou falsos banheiros de bares para que moradores joguem enquanto bebem cerveja --da única marca cuja venda é "autorizada".

Os moradores evitam fazer comentários sobre a situação, e os comerciantes têm medo.

É nessa região que a Arquidiocese do Rio calcula receber, em 28 de julho, mais de 2 milhões de pessoas.

É lá que o papa Francisco vai celebrar sua primeira missa no Brasil, ponto alto da Jornada Mundial da Juventude.

Guaratiba é dominada pela maior milícia do Rio, que também tem o controle de outros cinco bairros na região. São os milicianos que determinam, por exemplo, o horário do comércio local.

Antes conhecida como Liga da Justiça, a milícia que usava o símbolo do Batman para marcar o seu domínio, agora é chamada de "milícia do Toni", numa referência ao atual chefe: o ex-policial militar Toni Souza de Aguiar, 38.

Contra ele há 11 mandados de prisão expedidos, com acusações de homicídios e de formação de quadrilha.

Com o objetivo de garantir a segurança dos peregrinos, uma grande operação está sendo montada para controlar a região. Cerca de 2.600 militares do Exército vão ocupar Guaratiba 15 dias antes do início da jornada.

Editoria de Arte/Folhapress

ANÁLISE DE RISCO

Desde o ano passado, o serviço de inteligência do Exército faz uma análise de risco, com produção de relatórios, sobre possíveis ameaças que possam prejudicar o andamento da jornada no bairro.
O modelo a ser seguido será nos mesmos moldes do que a Força fez no Complexo do Alemão, a partir de 2010, durante um ano e meio.

Outros 3.400 militares poderão ser usados caso o general José Alberto da Costa Abreu, comandante da 1ª Divisão do Exército e coordenador de segurança pela Força, decida aumentar o efetivo.

Essa será a segunda vez que a Força vai ocupar uma área dominada por milicianos na cidade. Em outubro, ela deu proteção a fiscais do Tribunal Regional Eleitoral em favelas da zona oeste.

Nos relatos há material mostrando que a quadrilha tem apoio de alguns policiais civis e militares.

"A presença do Exército é importante para evitar ações desse grupo com os jovens. Eles têm a falsa aparência de tranquilidade, mas vivem de ameaçar pessoas", diz o promotor do Ministério Público Militar Jorge Melgaço.

Além das motos, os moradores já se acostumaram a ver vizinhos sendo ameaçados de morte por se recusarem a pagar R$ 35 mensais por "serviços" de segurança.

Toni Aguiar pouco aparece no bairro. Quando vai, está sempre com seguranças.

"Eles [a milícia] não têm a prática do confronto. São discretos. Por isso, é importante toda a atenção", afirma o delegado federal Victor Cesar Santos, coordenador no Rio da Secretaria Nacional de Grandes Eventos.

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