Contravenção, propina, assassinato e carnaval
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• Em São Paulo, Ivo Noal estaria no comando do jogo do bicho há anos. Preso várias vezes acusado entre outras coisas de formação de quadrilha e sonegação fiscal, Noal, conseguiu habeas-corpus em 2005, e a Polícia suspeita que ele continua controlando as casas de jogo do bicho do Estado, apesar de negar. Sua suposta fortuna, em 2005, estava avaliada em R$ 2,8 bilhões. Ao contrário do Rio de Janeiro, onde há vários líderes da contravenção, Noal reinaria absoluto em São Paulo. O bicheiro também já foi suspeito de mandar matar em 1984, Marcus Santoro, sobrinho do bicheiro carioca Raul Capitão, no bairro da Lapa, em São Paulo. Santoro estaria tentando infiltrar seu grupo no jogo paulista e acabou sendo morto. Por falta de provas, Noal foi absolvido da acusação.
• Castor de Andrade, considerado o maior bicheiro da história do Rio de Janeiro, teria criado um verdadeiro império da contravenção. Filho do também bicheiro Eusébio de Andrade, Castor teria herdado as bancas do pai e ampliado-as. Sua fama era de um purista, que não desejava misturar jogo do bicho com outras contravenções, mas houve várias acusações de homicídio, contrabando de armas e tráfico de drogas envolvendo seu nome. Preso e depois solto, Castor morreu em 1997 de ataque cardíaco. Seus pontos de jogos de bicho e caça-níqueis teriam sido divididos entre o sobrinho Rogério Andrade e o genro Fernando Ignácio, mas a partilha não teria agradado os herdeiros que teriam começado uma briga sangrenta pelos pontos de jogos, com pelo menos uma dezena de mortos. A briga teria envolvido inclusive casas de jogos de bicho de outros estados como a Bahia.
• Em 1993, a então juíza Denise Frossard decretou a prisão de 14 líderes do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Além de Castor de Andrade, Turcão e Anísio (presos novamente em 2007), Luisinho Drummond estavam entre os acusados. Todos acabaram soltos depois. Drummond, por exemplo, teria aumentado seus domínios para o Norte e Nordeste. Seu sobrinho foi preso, em 2006, organizando a instalação de máquinas de caça-níqueis em Belém do Pará.
Castor de Andrade foi o bicheiro que entrou na história como um dos que mais deixava explícita suas ligações com futebol e carnaval. Patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel, Castor de Andrade foi também presidente de honra do Bangu, conseguindo o título de campeão carioca em 1996. Seu carisma e poder lhe deram uma aura de “bom moço” entre seus protegidos que até hoje é lembrada com ênfase em Bangu, como prova o site oficial do Bangu Atlético Clube. Protegidos pela aclamação popular do carnaval, os bicheiros foram freqüentemente homenageados pelas escolas de samba. Em 1973, por exemplo, Anísio teria financiado o desfile da Beija-Flor, já sob a mão criativa do carnavelesco Joãozinho Trinta, que preparou um luxuoso desfile para o samba-enredo “Sonhar com rei dá Leão”. Em 1993, poucos meses antes da juíza Frossard mandar prender 14 bicheiros, Castor de Andrade desfilou tranquilamente na Mocidade Independente de Padre Miguel e fez ainda questão de discursar contra a perseguição das autoridades que estavam em curso contra ele e seus “colegas de trabalho”. |
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