quarta-feira, 10 de outubro de 2012

CARNAVAL, O VALE -TUDO, 1 SEMANA DE UTOPIA.

Carnaval: a festa, o vale-tudo, 01 semana de utopia

Sabemos que o carnaval é definido como “liberdade” e como possibilidade de viver uma ausência fantasiosa e utópica de miséria, trabalho, obrigações, pecado e deveres. Numa palavra, trata-se de um momento onde se pode deixar de viver a vida como fardo e castigo. É, no fundo, a oportunidade de fazer tudo ao contrário: viver e ter uma experiência do mundo como excesso – mas agora como excesso de prazer, de riqueza (ou de “luxo”, como se fala no Rio de Janeiro), de alegria, de riso; de prazer sensual que fica – finalmente – ao alcance de todos.

Matta, Roberto da. “O que faz o brasil, Brasil?”. Rio de Janeiro: Rocco, 2001. p.73
Este sentido de “pode tudo”, que segue mais ou menos a lógica do “jeitinho” no dia-a-dia ganha força neste período carnavalesco. Como se fosse uma catarse coletiva há uma euforia no ar – mesmo de quem está distante da chamada folia. Não à toa o ano no florão da América começa pra valer depois da festa de Momo. Não se trata uma festa... É a FESTA.

Sai o uniforme, entra a fantasia; Saem 08 horas de trabalho, entram 08 horas atrás do trio elétrico, do frevo, das escolas de samba. Tudo pelo prazer, tudo pela sensação de liberdade que a maior festa popular do mundo oferece.

Neste mundo de prazer e alegria, todos os outros assuntos ficam em segundo plano. Sob a justificativa do bordão “É carnaval!”, fatos importantes ou relevantes são deixados de lado. Ou mesmo o que acontece ao lado do folião é desprezado, esquecido.

O carnaval de Salvador recebe o título de “maior festa com participação popular do mundo”. Este ano, estima-se, são 2 milhões de foliões atrás dos trios elétricos de seus artistas preferidos ou não. Mas o Carnaval por estes lados está menos soteropolitano e mais “pra inglês ver”. Ou irlandês. O antigo folião pipoca, aquele que não saía em blocos com abadas ou não comprava seu acesso a camarotes, está em vias de extinção. O espaço para a “pipoca” foi loteado: no carnaval baiano, agora, só com abada ou camarote. Ainda há a participação popular nos blocos menores, mas estes não saem durante o Jornal Nacional, por exemplo. Outro aspecto que merece atenção é a violência policial utilizada, claro, nos “ppp’s”: Pretos, pobres, periféricos. Assistindo a cobertura do Carnaval pela TV tudo é muito bonito e democrático. E é só festa e alegria.

Bebês encontrados no lixo e em lagoas, exploração sexual de crianças e adolescentes que aumenta durante este período, hospitais lotados com pacientes que extrapolam na festa e arrumam confusões ou por bebedeira, acidentes de trânsito que a cada ano batem recordes, tanto nas cidades como nas estradas... Todos estes assuntos são relegados a segundo, terceiro plano. O negócio é a folia, a festa, o vale-tudo, a todo e qualquer custo... Mesmo que o custo seja um abadá comprado por 3 mil reais ou o aluguel de uma quitinete por módicos 4 mil reais por 4 dias.

Não pretendo tornar este texto algo negativista ou conservador. Não é a intenção. Carnaval é mesmo uma grande festa e há diversão para todo gosto e bolso. Mas viver 1 semana distante do “mundo chato e uniforme” também não é boa idéia: Mais um bebê é encontrado no lixo em SP. Mesmo com toda as festividades ocorrendo no país, não dá pra desprezar isso.



 


  Ou já é coisa banal?


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Bono Vox cantando axé music no Carnaval da Bahia num dueto com Ivete Sangalo! Depois desta, não duvido mais de ET's, Mula sem cabeça e promessa de políticos!
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Alguns "artistas" do carnaval baiano ficaram "frustrados" porque Bono Vox se mandou e não deu a esperada "canja" no trio elétrico do "ministro" Gil. Também, cadê o cachê, "ministro"????

Jaime Guimarães, co-responsável por este blog, postou estas mal-digitadas mesmo sabendo que quase ninguém vai ler: afinal, quem se importa com blogs e jornais neste período do ano?Mas recomenda, aos interessados, o bom livro do antropólogo Roberto DaMatta

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