terça-feira, 25 de setembro de 2012

O VALOR DO CARNAVAL E A VIOLENCIA.

O valor do carnaval

Festa, identidade cultural do país, movimenta cifras elevadas nos desfiles do Rio de Janeiro e São Paulo. Por Patricia Piacentini

O valor do carnaval
15/02/2012
 Marca registrada do Brasil, o carnaval é o período de alegria e descontração da população. Porém, há muito tempo a festa tornou-se um verdadeiro espetáculo de luxo com os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo, que envolve, além dos foliões, muito investimento, patrocínios e faz balançar a economia dessas capitais. Para entender a festa como é hoje, é importante voltar às suas origens.
Helenise Guimarães, pesquisadora de cultura popular, carnaval e festas urbanas da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que o objetivo do carnaval é que ele seja uma manifestação que antecede a quaresma. “Desde a Idade Média, quando a Igreja Católica decretou o período de três dias antes da quarta-feira de cinzas para o carne levamen (ou adeus à carne), a festa carnavalesca traz o sentido de suspensão do tempo comum, do cotidiano e de suas regras para um período em que se pode fazer de tudo, período de folia e brincadeiras”, esclarece.
Segundo a pesquisadora, durante o século XIX, surgiram no Rio de Janeiro os cordões, blocos, grandes sociedades e ranchos carnavalescos, todos resultantes da organização de seus participantes para uma competição entre os grupos. Somente na década de 1920 foi que surgiram as escolas de samba, “decorrentes da união de vários grupos dos subúrbios que desenvolveriam o modelo baseado no ritmo do samba (a dança compassada dos passistas e das alas) e na execução de um samba-enredo (adotada posteriormente)”, conta.
Desfile
O primeiro desfile oficial na capital carioca ocorreu em 1932 na Praça Onze, organizado pelo jornal Mundo Sportivo, com a participação de 19 escolas de samba. Em 1935, as escolas já passaram a desfilar com subvenção oficial da Prefeitura e, em 1961, o ingresso passou a ser cobrado. Com o passar dos anos, houve modificações do local da festa e somente a partir de 1978 o desfile aconteceu no local definitivo, a Marquês de Sapucaí. Em 1984, foi criada a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) para fazer a organização do espetáculo. Em São Paulo, o primeiro desfile foi em 1968, na Avenida São João, e somente em 1991 a festa passou a acontecer no Sambódromo do Anhembi.
Em 2012, no carnaval de São Paulo participam 14 escolas de samba do grupo especial, durante dois dias de desfile, e oito escolas do grupo de acesso, que se apresentam em um único dia. Já no Rio, são 13 escolas do grupo especial e nove do grupo de acesso A e 11 do grupo de acesso B.
Turismo e economia
A grandiosidade do espetáculo chama a atenção de turistas brasileiros e estrangeiros. De acordo com dados da Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo (SPTuris), em 2011 a capital paulista recebeu 25 mil turistas e para 2012 a expectativa é que o número se repita, com a estimativa de que 20% sejam estrangeiros.
Já o Rio de Janeiro recebeu 1 milhão de turistas no período do carnaval, sendo 400 mil estrangeiros; e a expectativa para 2012, segundo a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (RioTur), é superar tal marca. A Empresa destaca que o carnaval é o evento mais importante do calendário oficial da cidade e o que atrai mais turistas, impulsionando a rede hoteleira e de comércio e serviços.
A festa movimentou mais de 700 milhões de dólares no ano passado na capital carioca; em São Paulo, o impacto que o carnaval traz para a economia da cidade foi estimado em R$ 48,3 milhões.
O investimento da Prefeitura paulistana no evento é de R$ 23 milhões. Há ainda patrocinadores e outras fontes de recursos para as escolas de samba, como a venda de ingressos, direito de transmissão, venda de fantasias, shows ao longo do ano, dentre outros itens, valor que chegou a R$ 27 milhões em 2010, contando o investimento de todas as escolas do Grupo Especial (quase R$ 2 milhões por escola) e R$ 5,66 milhões referentes às escolas do grupo de acesso, ou cerca de R$ 700 mil por escola.
Além disso, a festa gera muitos empregos: uma escola do grupo especial de São Paulo, por exemplo, gera 173 empregos diretos durante toda a preparação para o carnaval. Somente no Sambódromo do Anhembi, são cerca de cinco mil profissionais envolvidos, das áreas de segurança, limpeza, alimentação, estacionamento, produção etc.
Estrutura
As cidades que realizam esses grandes desfiles têm ainda que garantir estrutura para receber tantos turistas. E isso envolve planejamento de trânsito, banheiros espalhados, postos de atendimento à saúde e reforço no policiamento.
De acordo com a SPTuris, o carnaval de São Paulo contará em 2012 com 640 membros da Polícia Militar, 71 da Polícia Civil, 96 membros da Guarda Civil Metropolitana e 70 bombeiros por dia de evento. Serão instalados três postos médicos, além de ambulâncias.
A Prefeitura do Rio vai instalar 15 mil cabines de banheiro, 80 UTIs móveis e mobilizar 1.000 orientadores de trânsito no carnaval deste ano.
Caráter popular
Mas se o carnaval é fruto de manifestações populares, é possível classificar a festa que acontece hoje, com tantas cifras elevadas, como popular? “O carnaval é sim uma festa popular. Ou seja, uma festa da população da cidade e do país e, por esta razão, uma expressão da nossa sociedade, com suas qualidades e defeitos”, defende Felipe Ferreira, professor do Instituto de Artes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e coordenador do Centro de Referência do Carnaval.
Helenise destaca ainda algumas manifestações: “No Rio de Janeiro ainda encontramos tradições antigas como os coretos do subúrbio, que também mobilizavam grande parte da população para decorações fabulosas, e hoje contam com um tímido investimento dos poderes públicos. As bandas cariocas vêm sendo resgatadas também nos últimos anos, levando grandes contingentes humanos para as ruas, comprovando que no Rio de Janeiro não são só as escolas de samba as donas desta folia urbana gigantesca”. A pesquisadora acredita que o carnaval continua sendo a festa da alegria por excelência, mesmo levando-se em consideração que seus espaços são agora mais restritos. “Ainda há carnavais de rua nos subúrbios, coretos carnavalescos e bailes em clubes e, atualmente, os ensaios no Sambódromo, abertos ao público, comprovam a vitalidade da festa”, finaliza.

ATENÇÃO!!!

Violência
Dada a característica de desregramento do carnaval, questões como violência e prostituição  preocupam. Para coibir esses problemas, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) consegue bons resultados com a campanha de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes.
O número de denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes feitas por meio
do Disque Denúncia Nacional - Disque 100 triplicou no carnaval de 2011, conforme a SDH/PR: foram 965 denúncias no ano passado contra 297 em 2010. As capitais com mais denúncias foram: Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro.
Para Helenise, o problema não é específico do período carnavalesco: “Justamente pelo caráter de festa da liberdade e da alegria é que muito se associa o carnaval a estes elementos negativos mas, como em qualquer manifestação que reúne grandes contingentes de público, cabe às autoridades reprimir e, sobretudo, fazer campanhas educativas”, aponta.

POR ISTO QUE VAMOS ACABAR COM O CARNAVAL CARIOCA...

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