PEÇO LICENÇA PARA DAR
CIÊNCIA DESSA CARTA PÚBLICA DA PROFESSORA MARTHA E TAMBÉM COMPARTILHAR DE SUAS
IDEIAS E OPINIÃO.
NOSSA PRESIDENTE TEM O
DEVER DE DAR SATISFAÇÃO AO POVO
E.R CURTA NOSSA PÁGINA: www.facebook.com/MCCAmapa
A professora Martha de Freitas Azevedo
Pannunzio, de 74 anos, é de Uberlância. Ela escreveu uma carta para a
presidente Dilma que foi entregue em mãos. Vale a pena ler. É a voz de quem não
se cala e não consente.
BRASIL CARINHOSO
Bom dia, dona Dilma!
Eu também assisti ao seu pronunciamento
risonho e maternal na véspera do Dia das Mães. Como cidadã da classe média,
mãe, avó e bisavó, pagadora de impostos escorchantes descontados na fonte no
meu contracheque de professora aposentada da rede pública mineira e em cada
Nota Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei preocupada com o anúncio do
BRASIL CARINHOSO. Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição
municipalista? Faça-me o favor, senhora presidentA! É preciso que o Brasil crie
um mecanismo bastante severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos seus
executivos (presidente da república, governador e prefeito) para que as
matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil. Setenta reais per
capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0 a 06 anos foi um
gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas,
porque elas irão, com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de
dependentes para engordar sua renda. Por outro lado mulheres e homens
miseráveis irão correndo para a cama produzir filhos de cinco em cinco anos.
Este é, sem dúvida, um plano quinquenal engenhoso de estímulo à vagabundagem,
claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT. É muito fácil
dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer gracinha, jogar para a
plateia. É fácil e é um sintoma evidente de que se trabalha (que se governa, no
seu caso) irresponsavelmente. Não falo pelos outros, dona Dilma. Falo por mim.
Não votei na senhora. Sou bastante madura, bastante politizada, sobrevivente da
ditadura militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei nem votarei num
petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT é raivosa e burra. E
o governo é paternalista, provedor, pragmático no mau sentido, e delirante.
Vocês são adeptos do quanto pior, melhor. São discricionários, praticantes do
bullying mais indecente da História do Brasil. Em 1988 a Assembleia Nacional
Constituinte, numa queda-de-braço espetacular, legou ao Brasil uma Carta Magna
bastante democrática e moderna. No seu Art. 5º está escrito que todos são
iguais perante a lei*. Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta
disposição, enfiando goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu
modus governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei, menos os que
são diferentes: os beneficiários das cotas e das bolsas-esmola. A partir de
vocês. Sr. Luís Inácio e dona Dilma, negro é negro, pobre é pobre e miserável é
miserável. E a Constituição que vá para a (...retirado pelo blog). Vocês
selecionaram estes brasileiros e brasileiras, colocaram-nos no tronco, como eu
faço com o meu gado, e os marcaram com ferro quente, para não deixar dúvida d e
que são mal-nascidos. Não fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com
certeza, publicamente, uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou
num balcão de empréstimo pró escolas superiores particulares de qualidade bem
duvidosa, convalidadas pelo Ministério de Educação. Faculdades capengas, que
estavam na UTI financeira e deveriam ter sido fechadas a bem da moralidade, da
ética e da saúde intelectual, empresarial, cultural e política do País. A
Câmara Federal endoidou? O Senado endoidou? O STJ endoidou? O ex-presidente e a
atual presidentA endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma escola
de qualidade, laica, gratuita e democrática. A senhora disse que estava lá,
nesta trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma? Oi, por favor, alguém pare o
trem que eu quero descer! Uma escola pública decente, realista, sintonizada com
um País empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com professores bem
remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é disto que o
Brasil precisa. Para ontem. De ensino técnico, profissionalizante. Para ontem.
Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno chega ao
final do ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a
oração principal de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não
sabe regra de três. Não sabe calcular juros. Não sabe o nome dos Estados nem de
suas capitais. Em casa não sabe consertar o ferro de passar roupa. Não é capaz
de fritar um ovo. O estudante e a estudantA brasileiros só servem para prestar
vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais triste. Nossos meninos
e jovens leem (quando leem), mas não compreendem o que leram. Estamos na
rabeira do mundo, dona Dilma. Acorde! Digo isto com conhecimento de causa
porque domino o assunto. Fui a vida toda professora regente da escola pública
mineira, por opção política e ideológica, apesar da humilhação a que Minas
submete seus professores. A educação de Minas é uma vergonha, a senhora é
mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contracheque confirma o que estou
informando. Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se
anunciasse apenas duas decisões: um programa nacional de planejamento familiar
a partir do seu exemplo, como mãe de uma única filha, e uma escola de um turno
só, de doze horas. Não sabe como fazer isto? Eu ajudo. Releia Josué de Castro,
A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro.
Revisite os governos gaúcho e fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro
de PDT, Leonel Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo,
mesmo que a Casa Civil torça o nariz. Ele tem o mapa da mina. A senhora se
lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa. De escola em tempo integral,
igual para as crianças e adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou
milionárias. Escola com quatro refeições diárias, escova de dente e banho. E
aulas objetivas, evidentemente.
Com biblioteca, auditório e natação. Com um
jardim bem cuidado, sombreado, prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado
dos alunos e abastecimento da cantina. Escola adequada para os de zero a seis,
para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em instalações
individuais para um máximo de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro,
virando a esquina de casa. De zero a dezessete anos. Dê um pulinho na
Finlândia, dona Dilma. No aerolula dá pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá
ver como se gerencia a educação pública com responsabilidade e resultado.
Enquanto os finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá eles
permanecem. Aqui a evasão é exorbitante. Educação custa caro? Depende do ponto
de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É investimento. E tem
que ser feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente inteligente.
Povo educado ganha mais, consomem mais, come mais corretamente, adoece menos e
recolhe mais imposto para as burras dos governos. Vale à pena investir mais em
educação do que em caridade, pelo menos assim penso eu, materialista convicta.
Antes que eu me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar não tem
nada a ver com controle de natalidade. Aliás, é a única medida capaz de evitar
a legalização do controle de natalidade, que é uma medida indesejável, apesar
de alguns países precisarem recorrer a ela. Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel,
Paraná, aprovou, em novembro de 1992, a lei do planejamento familiar. Nossa
cidade foi a segunda do Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se ao SUS.
Eu, vereadora à época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma
vaidade, apenas para a senhora saber com quem está falando. Senhora PresidentA,
mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso do seu governo como
mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para que não lhe falte
discernimento, saúde nem coragem para empunhar o chicote e bater forte, se for
preciso. A primeira chibatada é o seu veto a este Código Florestal, que ainda
está muito ruim, precisado de muito amadurecimento e aprendizado. O planeta
terra é muito mais importante do que o lucro do agronegócio e a histeria da
reforma agrária fajuta que vocês estão promovendo. Sou fazendeira e ao mesmo
tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez. Deixe o
Congresso pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles estão em
Brasília, bem instalados e bem remunerados, para isto mesmo. E acautele-se
durante o processo eleitoral que se aproxima. Pega mal quando um político usa a
máquina para beneficiar seu partido e sua base aliada. Outros usaram? E daí? A
senhora não é os outros. A senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro
para ser a presidentA do Brasil, e não a presidentA de um partidinho de
aluguel, qualquer. Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é
claro. Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães excluídas
do seu presente: as mães da classe média baixa, da classe média média, da
classe média alta, e da classe dominante, sabe por quê? Porque somos nós, com
marido ou sem marido, que, junto com os homens produtivos, geradores de
empregos, pagadores de impostos, sustentamos a carruagem milionária e a corte
perdulária do seu governo tendencioso, refém do PT e da base aliada oportunista
e voraz. A senhora, confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários
da Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se recusam a aceitar qualquer
trabalho de carteira assinada, por medo de perder o benefício. Estou firmemente
convencida de que este novo programa, BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar
o problema de ninguém, ainda tem o condão de produzir uma casta inoperante,
parasita social, sem qualificação profissional, que não levará nosso País a
lugar nenhum. E, o que é mais grave, com o excesso de propaganda institucional
feita incessantemente pelo governo petista na última década, o Brasil está na
mira dos desempregados do mundo inteiro, a maioria qualificada, que entrarão
por todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis, se contentando
até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e brasileira vão ficar
chupando prego, entregues ao deus-dará, na ociosidade que os levará à
delinquência e às drogas. Quem cala, consente. Eu não me calo. Aos setenta e
quatro anos, o que eu mais queria era poder envelhecer despreocupada, apesar da
pancadaria de 1964. Isto não está sendo possível. Apesar de ter lutado a vida
toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares de alunos na rede
pública, o País que eu vou legar aos meus descendentes ainda está na estaca zero,
com uma legislação que deu a todos a obrigação de votar e o direito de votar e
ser votado, mas gostou da sacanagem de manter a maioria silenciosa no
ostracismo social, alienada e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar
por um lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade,
mas com um título de eleitor na mão, pronto para depositar um voto na urna, a
favor do político paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa. Dar o peixe, ao invés
de ensinar a pescar, esta foi a escolha de vocês. A senhora não pediu minha
opinião, mas vai mandar a fatura para eu pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me
consultar. Num país com taxa de crescimento industrial abaixo de zero, eu,
agropecuarista, burro-de-carga brasileiro, me dou o direito de pensar em voz
alta e o dever de me colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos
miseráveis. Vocês não chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense bem!
Torraram uma grana preta com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o bolsa-família, o
vale-gás, as ONGs fajutas e outras esmolas que tais. Esta sangria nos cofres
públicos não salvou ninguém? Não refrescou niente? Gostaria que a senhora me
mandasse o mapeamento do Brasil miserável e uma cópia dos estudos feitos para
avaliar o quantitativo de miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do
anúncio do BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de
dividir, só para saber qual a parte que me toca nesta chamada de capital.
Democracia é isto, minha cara. Transparência. Não ofende. Não dói. Ah, antes
que eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE. Não sou impertinente nem
desrespeitosa, sou apenas professora de latim, francês e português. Por favor,
corrija esta informação. Se eu mandar esta correspondência pelo correio, talvez
ela pare na Casa Civil ou nas mãos de algum assessor censor e a senhora nunca
saberá que desagradou alguém em algum lugar. Então vai pela internet. Com
pessoas públicas a gente fala publicamente para que alguém, ciente, discorde ou
concorde. O contraditório é muito saudável. Não gostei e desaprovo o BRASIL
CARINHOSO. Até o nome me incomoda. R$2,00 (dois reais) por dia para cada
familiar de quem tem em casa uma criança de zero a seis anos, é uma esmolinha
bem insignificante, bem insultuosa, não é não, dona Dilma? Carinho de presidentA
da república do Brasil neste Momento, no meu conceito, é uma campanha
institucional a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já produziu dois
filhos. É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em
tempo integral com quatro refeições diárias. É professor dentro da sala de
aula, do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino profissionalizante
e gente capacitada para o mercado de trabalho. Eu podia vociferar contra os
descalabros do poder público, fazer da corrupção escandalosa o meu assunto para
esta catilinária. Mas não. Prefiro me ocupar de algo mais grave, muitíssimo
mais grave, que é um desvio de conduta de líderes políticos desonestos, chamado
populismo, utilizado para destruir a dignidade da massa ignara. Aliciar as
classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente desonesto. Eles
são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos, excluídos? Os miseráveis são.
Mas votam, como qualquer cidadão produtivo, pagador de impostos. Esta é a
jogada. Suja. A televisão mostra ininterruptamente imagens de Desespero social.
Neste momento em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a população
luta, grita, protesta, mata, morre, reivindicando oportunidade de trabalho.
Enquanto isto, aqui no País das Maravilhas, a presidente risonha e ricamente
produzida anuncia um programa de estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão
da História, dona Dilma! Pode ter certeza de que a senhora conseguiu agredir a
inteligência da minoria de brasileiros e brasileiras que mourejam dia após dia
para sustentar a máquina extraviada do governo petista. Último lembrete: a
pobreza é uma consequência da esmola. Corta a esmola que a pobreza acaba, como
dois mais dois são quatro. Não me leve a mal por este protesto público. Tenho
obrigação de protestar, sabe por quê? Porque, de cada delírio seu, quem paga a
conta sou eu.
Atenciosamente,
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012
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